29 de maio de 2015

JORNALISMO INVESTIGATIVO

O chefão do serviço secreto convoca o agente X-9 ao seu gabinete e o interpela: Mandei o senhor vigiar os JORNALISTAS INVESTIGATIVOS. Quero saber por que o senhor até agora não fez seu relatório? O agente X-9 responde: Desculpe chefe, mas não encontrei nenhum... Ouvi essa blague outro dia num programa satírico e agora pergunto aos meus leitores se não é isso mesmo o que acontece. Sumiram, acabaram com aquele jornalista que não dava trégua, fuçava atrás dos bastidores, não se conformava com fatos nebulosos, não esclarecidos. Se não, vejamos:

Já se passaram mais de sessenta dias desde que morreram em acidente de avião 150 pessoas. Isto em plena Europa. Em menos de 24 horas as autoridades decretaram que a causa do acidente foi a instabilidade emocional do copiloto que resolveu se suicidar, derrubando a aeronave que dirigia. Ele se matou de maneira absolutamente original e levou consigo mais 149 passageiros e tripulantes. Só pela lógica fica evidente que é mais que impossível solucionar uma ocorrência destas em tão curto prazo. Mas este “prato cheio” não chegou a sensibilizar qualquer jornalista, trabalhador da INFORMAÇÃO. Nenhum órgão de formação da opinião pública revelou ter entre os seus colaboradores um daqueles verdadeiros pesquisadores da notícia. Daria para encher páginas com as dúvidas que o acidente do GERMANWINGS D-AIRX deixou sem resposta. Vou exibir apenas algumas e suscintamente.

Terrorismo – Desde setembro de 2001 temos aí o primeiro suspeito de planejar ou praticar qualquer ato de violência. Mas neste caso poucas horas depois do crash e antes que equipes de socorro pudessem chegar ao local do desastre, os primeiros ministros Merkel (Alemanha) e Hollande (França), bem com a administração Obama (USA) se apressaram a comparecer às telinhas e microfones para declarar que a possibilidade de ataque terrorista estava excluída. Atitude surpreendente.
Mirage – Na hora e local do acidente testemunhas, inclusive o prefeito de Meolans Revel, viram dois ou três aviões de combate da força aérea francesa em voo de ida e volta. O que estavam fazendo ali?
Aviso de emergência – Apesar de depois ter sido negado foi divulgado (Spiegel Online, CNN) de que fora captado um sinal de emergência. Um suicida não pede socorro.
Explosão e fumaça – Testemunhas afiançaram terem ouvido explosão ou explosões. Uma declarante disse ter visto fumaça saindo do avião.
Black Box – De início noticiaram que acharam a Caixa Preta, porém sem o dispositivo gravador dos dados. Até mostraram algo como uma caixa metálica toda amassada. Muitos dias depois noticiou-se que teriam achado a Caixa Preta (agora completa) e que os dados estariam confirmando tudo que haviam dito. Mostrou-se a imagem do objeto preto, preto mesmo (não devia ser vermelho?), todo encalacrado, como se tivesse acabado de ser desenterrado por arqueólogos. Os dados da Black Box do MH17 abatido sobre a Ucrânia estão sendo analisados até hoje pelos peritos na Holanda.
Gravador de Voz – Este foi logo achado e gravou inicialmente só a respiração do copiloto(?), mais tarde isto foi completado com sons de batidas e gritos. Alguma coisa foi divulgada na internet, mas gerar deduções é preciso que se tenha muita imaginação.
Machadinha – O piloto, trancado para fora da cabine, teria tentado arrombar a porta com auxílio de uma machadinha (vide batidas). Impõe-se a pergunta: onde é que ele teria encontrado tal instrumento a bordo de um avião de passageiros onde hoje até a presença de uma liminha para unhas é proibida?
Destroços – Há que se duvidar de que o impacto de um avião no solo, mesmo numa elevação do terreno e por maior que fosse, tivesse a capacidade de desintegrar a aeronave de tal forma, em milhares de minidestroços e, ainda, espalhá-los por uma área tão vasta e acidentada. Nem mesmo o local onde teria se dado o impacto foi identificado.
Vítimas – Em caso de acidente aéreo a mídia sempre destaca em seus noticiários o resgate e posterior identificação das vítimas. Basta lembrar o caso do Boeing 777 da Ucrânia. Até um trem com vagões refrigerados entrou em cena. As vítimas do GERMANWINGS 4U9525 não mereceram esta atenção.

Atenção a este caso é exatamente o que não se queria. O COPILOTO SE SUICIDOU e acabou! E ficou sendo a opinião corrente, pergunte a quem quiser pela causa da queda do Germanwings e ele responderá (se ainda se lembrar) que foi o copiloto.

Acabaram os jornalistas investigativos. Ou se tornaram muito preguiçosos, ou são mal pagos, ou lhes falta ambição profissional, OU SÓ PODEM PUBLICAR O QUE O DONO MANDAR.

Toedter