A
leitura de um livro pretende ser uma interação entre autor e
leitor. O autor expressa uma ideia ou mensagem e cabe ao leitor a
análise do seu significado. Aprova, rejeita, ou, simplesmente,
memoriza e em momento futuro confronta com novas concepções.
O
que está sendo feito com o autor do livro MEIN KAMPF (Minha Luta)
representa o cúmulo da covardia. Para quem não sabe, este livro foi
escrito por um jovem (34-35 anos) rebelde, quando estava cumprindo
pena de prisão na fortaleza de Landsberg, Alemanha. Preso e
condenado por ter liderado uma marcha de protesto, hoje
falsamente chamada de “putsch” ou tentativa de
golpe de estado.
O
jovem rebelde era Adolf Hitler, que neste livro registrou suas ideias
políticas. Política esta que o levou dez anos após, depois de
intensa campanha eleitoral, à chefia de estado da Alemanha. Eu li
alguns trechos do livro e na minha modesta opinião nem tudo o que o
jovem inconformado escreveu foi posteriormente adotado pelo chefe de
estado. Só como exemplo cito a ferrenha animosidade demonstrada no
livro em relação à França (o autor acabara de enfrentar os
franceses em duríssimos combates da Primeira Guerra). Como chefe de
estado procurou o entendimento com o país vizinho. À história do
espaço vital, do “Lebensraum”,
é dada certa ênfase na obra. Era influenciada e oriunda ainda de
movimentos políticos vividos por ele na Áustria. Não era mais
assunto quando eu estive na Alemanha, apesar de que naquele momento
(1942) a área sob domínio alemão ter se estendido
extraordinariamente para todos os lados. Ninguém falava em
incorporar territórios. Acho normal essa transição, só não muda
de opinião quem não pensa.
Então,
o caráter dogmático que se quer dar hoje ao livro MEIN KAMPF não
tinha toda essa expressão. É natural que um livro escrito pelo
“Führer” tenha vendido número inusitado de exemplares,
mas não creio que possa ser considerado um vade mecum, uma
bíblia, como hoje é afirmado.
Durante
os 70 anos, após a morte do autor, novas edições foram proibidas.
Os direitos autorais pertenciam ao Estado da Baviera. Mesmo assim
houve editoras, também no Brasil, que produziram edições. Não sei
se todas foram bem traduzidas. Consta que houve quem manipulasse o
texto original, falsificando o enunciado. As associações judaicas
de todo mundo se esforçaram para que houvesse proibições mais ou
menos legais, mas nunca conseguiram acabar definitivamente com a
circulação.
Agora,
com o término do ano 2015 o livro MEIN KAMPF (Minha Luta) de Adolf
Hitler caiu em domínio público e já estava pronta, esperando de
garfo e faca, uma editora para fazer um lançamento monumental da
obra escrita pelo homem mais demonizado da história. Muitos hão de
perguntar: mas se ele era tão ruim, fez tanto mal, porque voltam a
divulgar suas ideias?
Não
são tão estúpidos como parecem. Nos últimos TRÊS anos fizeram
com que assim chamados “historiadores” (devem ser os mesmos que
conseguiram reduzir o número de vítimas dos bombardeamentos de
Dresden de 400 para 25 mil) se debruçassem sobre o texto original e
inserissem ao seu lado vasto material desfigurando e contradizendo o
que o autor estava expressando. A imagem acima mostra como ficaram as
páginas desta promovida e festejada edição.
É
um insulto, não só ao autor como também a quem esperam que venha a
se dedicar à leitura dessa produção. Ninguém assistiria a uma
palestra em que o palestrante vem acompanhado de três outros
apresentadores que a cada frase pronunciada o interrompem,
questionando o que foi dito. Ninguém gostaria de testemunhar tal
COVARDIA.
Um
fato que transparece nesta demonstração é que o homem, setenta
anos após sua morte, ainda amedronta seus adversários.
Toedter