6 de janeiro de 2016

TUDO SE TRANSFORMA

E, de repente, a mentira se fez. Seu gosto amargo não deixou que a vida se tornasse doce novamente…

Quem viveu essa era pode confirmar: de repente o mundo ficou diferente. Isso passou a acontecer quando o desenvolvimento dos meios de comunicação fez com que a notícia corresse mais célere de um lado ao outro. Houve quem vislumbrasse nisto a grande oportunidade de impor suas ideias e não deixou de aproveitá-la.

Naqueles tempos eu vivia os últimos anos da Segunda Guerra na Alemanha. Penso que então ainda prevalecia a honestidade, a moral. Apesar da tormenta, os bons costumes eram mantidos. A mentira ainda era proscrita. Quem pensa que aquele povo, sofrendo, como se diz, sob a batuta de um regime tão maldito, era enganado, que recebia informações falsas, manipuladas, como conta a história, não sabe da realidade. Quem dos seus homens teve que pegar em armas via nisto a obrigação natural do cidadão de defender sua pátria. Ninguém era iludido. As notícias diárias levadas à população incluíam comunicados elaborados pelo próprio comando-geral das forças armadas, dando conta das vitórias conquistadas nas diversas frentes, mas também das derrotas sofridas, dos avanços e dos recuos. As boas novas e as más. Algo hoje impensável.

Acabou. Eram os estertores da Verdade. Nos grandes conflitos de hoje, e não são poucos, tudo o que se vem a saber partiu de uma só fonte, sendo de teor tendencioso e parcial. A própria Segunda Guerra já fora fruto da mentira. Necessitaram dela para conseguir reunir 53 nações no intento de combater aquele pequeno país que, na ingenuidade de sua gente, insistia em buscar novos caminhos, queria acabar com a vantagem que o dinheiro vinha levando sobre o trabalho. Desrespeitou os plutocratas que dominavam e dominam o mundo. Foi derrotado inclemente e incondicionalmente.

Sobreveio em ritmo desabalado a evolução das técnicas de comunicação. Novos processos técnicos e novas máquinas permitiram aos veículos impressos maiores tiragens e mais atualidade. Emissoras de rádio se multiplicaram e ampliaram seu alcance. Chega a televisão em escala comercial. Pioneiro no Brasil, Assis Chateaubriand inaugurou sua TV-Tupi de S.Paulo em 1950. Telex e Telefax popularizaram a transmissão de notícias. Tudo exigia dinheiro, dinheiro gerava dependência. As editoras, sejam de livros, sejam de jornais, começaram a mudar de dono. O noticiário internacional passou a ser concentrado em poucas agências de notícias. Ficou fácil dizer ao mundo o que e como pensar.

E o mundo não tinha alternativa senão acreditar no que lhe era dito e a pensar como era desejado, o que, obviamente, nem sempre era a verdade. É natural que escolas e faculdades tivessem que se engajar no processo. Assim como se aprendia a tabuada, aprendia-se história. História como a queriam aqueles que manipulavam os noticiários, os livros, as revistas, os jornais, os filmes e tudo mais. Note-se que desde então pelo menos três gerações já passaram por este processo. Não é de admirar que certos conceitos já adquiriram caráter dogmático.

Pode ter sido isso o que Winston Churchill imaginou quando disse:
Uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo que a verdade tenha oportunidade de se vestir.”

As mais deslavadas mentiras se espraiaram pelo mundo. Este em nada melhorou, mas, com certeza, muita gente acredita agora mais do que nunca que existe um povo privilegiado por Deus.

Toedter