O
noticiário internacional, sempre claro, verdadeiro e objetivo,
trouxe-me a informação da morte de Elie Wiesel. Quem não sabia
quem foi esta personalidade, o sabe agora. Os diretores de jornais se
esmeraram numa cobertura ampla e completa. Elie Wiesel e eu eramos
praticamente da mesma idade. Vendo a sua foto por toda parte, deu-me
vontade de lhe escrever uma carta, póstuma, como dizem. Aí vai:
Sr.
Elie Wiesel!
Soube
que durante a guerra nós dois já estivemos próximos um do outro,
você em Auschwitz e eu visitando o meu pai ali perto, em Cracóvia.
Na época eu nem sabia que ali perto existia uma localidade chamada
Auschwitz. Descrevo isso melhor no meu primeiro livro “...e a
Guerra CONTINUA”. Também escrevi livros como você. Não 50,
apenas cinco. E só comecei cinquenta anos depois. Os seus lhe
valeram um Prêmio Nobel da PAZ. Era a busca da PAZ o que seus livros
pregavam? Verdade mesmo? Ou, muito pelo contrário, incitaram eles ao
ódio e à inclemente acusação e condenação dos inimigos do seu
povo (ou dos seus correligionários). Aos inimigos aos quais vocês
já haviam declarado guerra sem trégua, muito antes dos outros, em
março de 1933. Lembra? Tanto que logo começaram a emigrar da
Alemanha. Dos 600 mil, que até então lá viviam, só restaram 200
mil quando começou o confinamento em campos de concentração. A
gente acaba se perguntando onde teriam coletado 6 milhões, onde e
como conseguiram exterminá-los, e uma pergunta que não me sai da
cabeça, POR QUÊ? Aqueles que você tanto acusou de crimes insólitos
não eram tradicionalmente parte de um povo cruel, que desprezasse a
vida alheia. Nunca foi um povo chegado a conquistas e agressões. Um
estudo feito por um Prof.Quincey Wright sobre os embates em que se
envolveram nações europeias entre 1480 e 1940 revelou que os
campeões foram Inglaterra e França, com 28 e 26% respectivamente.
Os menos guerreiros foram Alemanha (inclusive Prússia) e Dinamarca,
que entraram no fim da lista com 8 e 6%. Os alemães também não
participaram do comércio de escravos, não exterminaram índios, não
prometeram aos seus soldados liberdade de praticar estupros em áreas
subjugadas. Ainda em agosto de 1945 George Patton, general de quatro
estrelas, comandante das forças blindadas americanas, declarou: “Dos
europeus o alemão é um povo verdadeiramente descente.” (poucos
meses depois foi vítima fatal de estranho acidente) Você e o seu
pai também preferiram os alemães aos russos. Quando os alemães não
tinham mais como segurar a ofensiva das tropas soviéticas e estas se
aproximavam de Auschwitz, foi dada aos internos a opção de, ou
acompanhar os alemães em seu recuo, ou aguardar a “libertação”
pelos russos. Pois vocês, e a maioria, preferiram acompanhar seus
“algozes” alemães. Então não podem ter sido tão maus assim.
Mas
você se colocou a serviço dos que queriam o extermínio deste
pequeno povo e contribuiu extraordinariamente para que estejam
conseguindo seu intento. De parte deles você realmente merece todos
os encômios e todas as honrarias que lhe tem sido prestadas e o
foram agora, por ocasião do seu funeral. Também da mesma forma como
o atirador de bombas Barak Obama, você mereceu o seu Prêmio Nobel
da PAZ, pois PAZ também se consegue calando o seu desafeto.
Era
isso. Precisava lhe dizer.
Toedter