4 de julho de 2016

CARTA PÓSTUMA A ELIE WIESEL

O noticiário internacional, sempre claro, verdadeiro e objetivo, trouxe-me a informação da morte de Elie Wiesel. Quem não sabia quem foi esta personalidade, o sabe agora. Os diretores de jornais se esmeraram numa cobertura ampla e completa. Elie Wiesel e eu eramos praticamente da mesma idade. Vendo a sua foto por toda parte, deu-me vontade de lhe escrever uma carta, póstuma, como dizem. Aí vai:

Sr. Elie Wiesel!
Soube que durante a guerra nós dois já estivemos próximos um do outro, você em Auschwitz e eu visitando o meu pai ali perto, em Cracóvia. Na época eu nem sabia que ali perto existia uma localidade chamada Auschwitz. Descrevo isso melhor no meu primeiro livro “...e a Guerra CONTINUA”. Também escrevi livros como você. Não 50, apenas cinco. E só comecei cinquenta anos depois. Os seus lhe valeram um Prêmio Nobel da PAZ. Era a busca da PAZ o que seus livros pregavam? Verdade mesmo? Ou, muito pelo contrário, incitaram eles ao ódio e à inclemente acusação e condenação dos inimigos do seu povo (ou dos seus correligionários). Aos inimigos aos quais vocês já haviam declarado guerra sem trégua, muito antes dos outros, em março de 1933. Lembra? Tanto que logo começaram a emigrar da Alemanha. Dos 600 mil, que até então lá viviam, só restaram 200 mil quando começou o confinamento em campos de concentração. A gente acaba se perguntando onde teriam coletado 6 milhões, onde e como conseguiram exterminá-los, e uma pergunta que não me sai da cabeça, POR QUÊ? Aqueles que você tanto acusou de crimes insólitos não eram tradicionalmente parte de um povo cruel, que desprezasse a vida alheia. Nunca foi um povo chegado a conquistas e agressões. Um estudo feito por um Prof.Quincey Wright sobre os embates em que se envolveram nações europeias entre 1480 e 1940 revelou que os campeões foram Inglaterra e França, com 28 e 26% respectivamente. Os menos guerreiros foram Alemanha (inclusive Prússia) e Dinamarca, que entraram no fim da lista com 8 e 6%. Os alemães também não participaram do comércio de escravos, não exterminaram índios, não prometeram aos seus soldados liberdade de praticar estupros em áreas subjugadas. Ainda em agosto de 1945 George Patton, general de quatro estrelas, comandante das forças blindadas americanas, declarou: “Dos europeus o alemão é um povo verdadeiramente descente.” (poucos meses depois foi vítima fatal de estranho acidente) Você e o seu pai também preferiram os alemães aos russos. Quando os alemães não tinham mais como segurar a ofensiva das tropas soviéticas e estas se aproximavam de Auschwitz, foi dada aos internos a opção de, ou acompanhar os alemães em seu recuo, ou aguardar a “libertação” pelos russos. Pois vocês, e a maioria, preferiram acompanhar seus “algozes” alemães. Então não podem ter sido tão maus assim.

Mas você se colocou a serviço dos que queriam o extermínio deste pequeno povo e contribuiu extraordinariamente para que estejam conseguindo seu intento. De parte deles você realmente merece todos os encômios e todas as honrarias que lhe tem sido prestadas e o foram agora, por ocasião do seu funeral. Também da mesma forma como o atirador de bombas Barak Obama, você mereceu o seu Prêmio Nobel da PAZ, pois PAZ também se consegue calando o seu desafeto.
Era isso. Precisava lhe dizer.
Toedter