26 de dezembro de 2017

PRESERVAR AS ORIGENS

A Europa vai acabar, não como continente, é claro, mas como procedência, terra-mãe de muitos povos. Se antes não acontecer algo inusitado, agora imprevisível, daqui a não muitos anos – eu diria no máximo trinta anos – as primeiras palavras que um recém-nascido ouvirá da mãe serão ditas num idioma que não mais será o do povo que hoje lá é o nativo, o autóctone. Os espaços terão sido ocupados, de uma forma ou outra, por outra gente, diferente por tudo e todo.

É difícil preconizar, se os que hoje lá vivem serão obrigados a se adaptar progressivamente aos novos templos, religiões, costumes, leis, hábitos, escolas, ou se isso acontecerá por imposição violenta. A política vigente – exceção seja feita a de alguns países do lado oriental – nos induz a acreditar que atos de reação serão escassos.

Mas estes povos não precisam desaparecer!

Veja-se como exemplo o povo germânico. Há duzentos anos, ou mais, levas de alemães emigraram, principalmente para as Américas. O velho Adolf já reconhecera sua importância criando a denominação Auslandsdeutsche – Alemães no Estrangeiro e Volksdeutsche – etnoalemães. Na época estes grupos receberam do seu governo muito apoio, para que preservassem suas origens. Deve se notar que ninguém foi estimulado a desrespeitar o país anfitrião. Não me consta que isso tivesse acontecido em qualquer parte do mundo.

Pois estes e seus descendentes podem preservar suas origens. Os judeus não fizeram isso? Há mais de dois mil anos tiveram que abandonar suas terras e foram viver nas mais diversas regiões do planeta e não só sobreviveram, como nos dias atuais se apresentam novamente como povo, mais fortes e mais presentes do que nunca. Talvez deva ser considerado que no decorrer do tempo tiveram, como grupo populacional religioso, a adesão dos Khazares, que permaneceu regionalmente mais composto, não experimentou a larga dispersão dos hebreus propriamente ditos. Os Khazares são citados como povo belicoso e cruel e é até mesmo possível desconfiar, que sejam eles os que hoje estejam dando as cartas no reino judeu.

Reconhece-se que fato importante para a sobrevivência como povo foi a religião e os europeus, fundamentalmente cristãos, têm motivos para se verem traídos pelos dirigentes de suas igrejas. Tanto o Papa Francisco, quanto cúpulas evangélicas, têm se mostrado favoráveis à invasão da Europa por povos alienígenas. Mas pode-se continuar cristão sem ter que observar regras e hierarquias criadas pela igreja bizantina.

Dois outros fatores foram fundamentais para que os judeus se mantivessem unidos. Eles condenam o casamento híbrido. Judeu deve casar com judia e só filho de judia também é judeu. Fazem algumas exceções quando o casamento proporciona sensível subida na classe social. Com certeza seus códigos de conduta devem ter contribuído de forma decisiva para conservar seu espírito de união.

Deixei por último um dos fatores mais importantes. Este é, na minha opinião, a preservação do idioma. Já dissera Johann Gottlieb Fichte (1762 – 1814):

                           A língua de um povo é a sua alma

Independente do significado filosófico, manter vivo o idioma de um povo, é ter acesso à sua história, às artes, à ciência deste povo. Que não se alegue ser difícil, ainda agora tivemos a mostra do povo catalão, que, minoritário em meio aos castelhanos conservou sua fala durante séculos.'
                        
Assim resta a esperança. Preservar as origens é possível.