A
Europa vai acabar, não como continente, é claro, mas como
procedência, terra-mãe de muitos povos. Se antes não acontecer
algo inusitado, agora imprevisível, daqui a não muitos anos – eu
diria no máximo trinta anos – as primeiras palavras que um
recém-nascido ouvirá da mãe serão ditas num idioma que não mais
será o do povo que hoje lá é o nativo, o autóctone. Os espaços
terão sido ocupados, de uma forma ou outra, por outra gente,
diferente por tudo e todo.
É
difícil preconizar, se os que hoje lá vivem serão obrigados a se
adaptar progressivamente aos novos templos, religiões, costumes,
leis, hábitos, escolas, ou se isso acontecerá por imposição
violenta. A política vigente – exceção seja feita a de alguns
países do lado oriental – nos induz a acreditar que atos de reação
serão escassos.
Mas
estes povos não precisam desaparecer!
Veja-se
como exemplo o povo germânico. Há duzentos anos, ou mais, levas de
alemães emigraram, principalmente para as Américas. O velho Adolf
já reconhecera sua importância criando a denominação
Auslandsdeutsche – Alemães no Estrangeiro e Volksdeutsche
– etnoalemães. Na época estes grupos receberam do seu governo
muito apoio, para que preservassem suas origens. Deve se notar que
ninguém foi estimulado a desrespeitar o país anfitrião. Não me
consta que isso tivesse acontecido em qualquer parte do mundo.
Pois
estes e seus descendentes podem preservar suas origens.
Os judeus não fizeram isso? Há mais de dois mil anos tiveram que
abandonar suas terras e foram viver nas mais diversas regiões do
planeta e não só sobreviveram, como nos dias atuais se apresentam
novamente como povo, mais fortes e mais presentes do que nunca.
Talvez deva ser considerado que no decorrer do tempo tiveram, como
grupo populacional religioso, a adesão dos Khazares, que permaneceu
regionalmente mais composto, não experimentou a larga dispersão dos
hebreus propriamente ditos. Os Khazares são citados como povo
belicoso e cruel e é até mesmo possível desconfiar, que sejam
eles os que hoje estejam dando as cartas no reino judeu.
Reconhece-se
que fato importante para a sobrevivência como povo foi a religião e
os europeus, fundamentalmente cristãos, têm motivos para se verem
traídos pelos dirigentes de suas igrejas. Tanto o Papa Francisco,
quanto cúpulas evangélicas, têm se mostrado favoráveis à invasão
da Europa por povos alienígenas. Mas pode-se continuar cristão sem
ter que observar regras e hierarquias criadas pela igreja bizantina.
Dois
outros fatores foram fundamentais para que os judeus se mantivessem
unidos. Eles condenam o casamento híbrido. Judeu deve casar com
judia e só filho de judia também é judeu. Fazem algumas exceções
quando o casamento proporciona sensível subida na classe social. Com
certeza seus códigos de conduta devem ter contribuído de forma
decisiva para conservar seu espírito de união.
Deixei
por último um dos fatores mais importantes. Este é, na minha
opinião, a preservação do idioma. Já dissera Johann Gottlieb
Fichte (1762 – 1814):
A
língua de um povo é a sua alma
Independente
do significado filosófico, manter vivo o idioma de um povo, é ter acesso à sua história, às artes, à ciência deste povo.
Que não se alegue ser difícil, ainda agora tivemos a mostra do povo
catalão, que, minoritário em meio aos castelhanos conservou sua
fala durante séculos.'